segunda-feira, 9 de maio de 2011

Deus é sempre bom para nós?


A realidade do mal no mundo representa, muitas vezes, um desafio para nossa fé. E não são poucas as vezes em que para os Cristãos, um grande desafio é compreender a bondade de Deus.  É fácil dizer que Deus é bom, mas nos momentos em que realmente precisamos de Deus, será que entendemos realmente a sua bondade?

Em Jeremias 32:38-41, Deus faz a seguinte promessa ao seu povo, que se encontrava no exílio, em cativeiro na Babilônia:

38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.  39 Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos.  40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.  41 Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma.

Lemos aqui que Deus promete jamais deixar de fazer bem para o seu povo (v. 38). Além disso, fica claro que Deus não simplesmente faz o bem continuamente, mas o faz com grande alegria. Deus sente prazer em fazer bem ao seu povo. Mais ainda, no verso 41, lemos que Deus faz o bem “de todo o seu coração e de toda a sua alma”. Do mais profundo de seu ser e sua essência, Deus se compromete em fazer o bem ao seu povo.

Mas, se a bondade de Deus é tão grandiosa, porque temos tanta dificuldade em nossa vida receber, ou aceitar a bondade de Deus? É claro que vemos hoje um tratamento extremamente “clientelista” de Deus por parte de alguns. Muitos vivem buscando benefícios materiais de Deus e por algum motivo isto nos leva a uma vida de resignação e recusa em aceitar a bondade de Deus.

Mas na realidade, são dois pontos que nos fazem duvidar e falhar em nos apropriar desta promessa: primeiro, o nosso próprio pecado; segundo, as reais circunstâncias de sofrimento na nossa vida.

Às vezes vemos Deus operando de forma tão especial e maravilhosa na vida de outros, histórias reais e concretas de ação de Deus, que muitas vezes nos alegram e confortam. Entretanto, por causa do nosso próprio pecado, achamos que promessas como esta que vemos aqui em Jeremias 32 não se aplicam a nós.

Ao olhar para sua própria vida, é possível que você pense: “Não é a toa que eu passo por tantas tribulações... Certamente estas promessas de bondade contínua e ininterrupta de Deus não podem se aplicar a minha vida...”

Mas precisamos ver aqui no verso 40 que a base que Deus coloca para o cumprimento desta promessa não é a bondade do povo.  Os destinatários originais desta mensagem eram o povo de Israel, no contexto do exílio para onde haviam sido enviados por Deus por causa de pecados cometidos anteriormente pelo povo (basta ler os versos anteriores no capítulo 32)

É justamente para eles que Deus oferece esta promessa. Mas vemos que a promessa é baseada não na bondade deles, mas na nova aliança que ele estabelece com o seu povo!

No Novo Testamento, em textos como 1 Coríntios 11:25 e Marcos 14:25, vemos que a Nova Aliança diz respeito ao Sangue de Cristo derramado sobre a cruz do Calvário para a remissão do povo de Deus.

Então a confiança de que Deus faz o bem continuamente para o seu povo não se baseia na nossa justiça, mas no fato de Cristo ter vertido seu sangue para a nossa redenção. Esta é a garantia oferecida pelo próprio Deus.

Não existe um único momento na vida do cristão em que Deus não esteja intencionando ou executando o bem sobre a sua vida. Em Efésios 3:6 ou Gálatas 3:29 vemos que somos os herdeiros das promessas divinas. E qual a promessa central “Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus”. (v. 38). Daí Deus garantir buscar continuamente o bem sobre seu povo.

Se você se sente tentado a duvidar que as afirmações sobre a bondade de Deus são para você, esta promessa deveria dissipar toda dúvida: Se você é realmente filho ou filha da aliança, deposite toda a sua fé no sacrifício de Cristo Jesus, e não na sua própria justiça, Deus é bom para você todo o tempo!

Mas então, porque sofremos tanto? Porque a nossa vida de fato não é livre do sofrimento e da angústia se Deus busca o nosso bem continuadamente? Lemos em Romanos 8:28 que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.  O fato de Deus buscar o nosso bem o tempo todo não significa que Deus se faça valer de meios que nos causam o sofrimento para que alcancemos o bem.

Nenhum sofrimento que o cristão passa em sua vida é gratuito. Todo sofrimento pelo qual passamos tem o propósito de ser convertido em bem. Não sabemos qual o bem, que forma ele terá, e, com certeza, no momento em que passamos pelo sofrimento esse bem futuro é a última coisa que nos passa pela cabeça!

Mas é a palavra de Deus que afirma que TODAS AS COISAS cooperam para o BEM. Todos os sofrimentos cooperam de alguma forma para a construção do bem na vida do povo de Deus. O sofrimento pelo qual você passa hoje existe com o propósito de que Deus faça bem na sua vida.

No contexto de Romanos 8, as coisas que Paulo tem em mente que cooperam para o bem dos que amam a Deus são tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e espada (v. 35). Isto parece até contraditório quando lembramos as palavras de Jesus em Mateus 6:25-34, em que ele nos instrui a não andarmos ansiosos pelo que comer ou vestir.  Não está Jesus aqui prometendo a satisfação de nossas necessidades mais básicas? Por que, então, Paulo especifica a fome e a nudez (i. e. falta de ter o que comer e o que vestir) como elementos que podem fazer parte da vida do cristão, mas que não podem nos separar do amor de Deus e ainda cooperar para o nosso bem?

Isto quer dizer então que a provisão a que Jesus se refere não diz respeito a um suprimento constante de nossas necessidades básicas e uma garantia absoluta de jamais passarmos por severas privações. O que fica claro na Escritura é que mesmo quando formos privados destas coisas elementares temos a perspectiva que Deus está utilizando esta privação como algo que contribui para o nosso bem.

Não existe sofrimento gratuito na vida do povo de Deus. Todos os nossos sofrimentos existem para que Deles surja um bem maior. Isto não é Teologia da Prosperidade. Isto é bíblico! É um ensinamento baseado na revelação bíblica do caráter Deus como o de um pai que se deleita em fazer o bem aos seus filhos!

Precisamos nos libertar da nossa timidez em crer nisto! Todo o sofrimento na vida do cristão resulta em um bem maior, seja ele o crescimento espiritual, maior comunhão com Deus, ou qualquer outro bem que Deus deseje nos conceder. Precisamos não apenas crer que Deus é bom, mas também aceitar que Deus é bom conosco. Ele é bom comigo e com você. Sempre. Todo o tempo. Única e exclusivamente por que ele se deleita em nos fazer o bem, por meio de Jesus.

sábado, 7 de maio de 2011

A Bênção da Maternidade

Uma reflexão sobre a beleza e relevância do papel materno conforme definido pela Escritura

             É angustiante testemunhar o sofrimento de Ana, conforme o registro dos primeiros capítulos do livro de 1 Samuel, no Velho Testamento. O grande sonho da vida daquela mulher era ter a experiência da maternidade. O texto nos diz, contudo, que Deus lhe havia “cerrado a madre” (1Sm 1.6). Aumentava ainda sua tristeza o fato de seu marido, Elcana, ser bígamo, e sua outra esposa, Penina, poder dar filhos a ele. O texto nos relata que em uma das ocasiões em que a família foi até Silo, sacrificar ao Senhor, Ana orou fervorosamente, e Deus lhe respondeu a oração, concedendo-lhe a bênção da maternidade. Samuel foi a resposta de Deus à Ana. A história de Ana nos revela algumas lições sobre a maternidade.
Primeiro, ser mãe é um privilégio que é dado por Deus às mulheres. Nem todas poderão ter filhos. Aquelas que podem tê-los, devem agradecer a Deus por isso, e reconhecer o fato de gerar filhos como uma grande bênção (ver Salmos 127 e 128).
            Em segundo lugar, a maternidade implica em deveres. A Bíblia nos diz que, uma vez que Deus nos deu filhos, devemos reconhecer que a responsabilidade de criá-los à luz dos princípios estabelecidos por Deus em sua Palavra. Os pais são responsáveis pelas vidas dos filhos, em especial no que diz respeito a seus primeiros anos. É certo que, ao crescerem, os filhos tomarão suas próprias decisões, mas cabe aos pais educá-los na “disciplina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Essa responsabilidade é dos pais, e eles não devem delegá-la, nem a escola, nem à igreja.
            Por fim, em terceiro lugar, a maternidade é uma missão. O grande propósito da vida das mães é fornecer ao mundo homens e mulheres capazes de influenciar o curso da história. Ana cumpriu essa missão: Samuel foi o maior de todos os juízes de Israel, um dos mais marcantes tipos de Cristo no Velho Testamento (juiz, sacerdote e profeta).
Que Deus abençoe cada mãe, a fim de que elas cumpram essa tarefa maravilhosa de moldar o caráter de seus filhos, fornecendo ao mundo homens e mulheres de Deus.


domingo, 1 de maio de 2011

A Bênção do Trabalho

Uma reflexão sobre nossa vocação à luz do feriado de 1º de maio


         Durante a Idade Média, o trabalho era considerado uma tarefa indigna. Atividades artesanais como a marcenaria, a ferraria, o trabalho nos moinhos, ou mesmo a cultura dos campos e a pecuária eram relegadas àqueles que possuíam o stato de servos do feudo, pertencentes às classes menos favorecidas da sociedade. Os senhores feudais, nobres, dedicavam-se ou à arte da guerra ou à vida regalada da corte. A casta religiosa da Igreja Medieval, por sua vez, via o trabalho como uma atividade secular, algo mundano e profano, muito diferente da vida voltada para Deus: retirar-se do mundo em um mosteiro era visto como algo digno e edificante.
        Essa visão do trabalho como algo desprezível foi totalmente alterada pela Reforma Protestante. Os reformadores redescobriram no exercício da vocação de cada ser humano um dos propósitos fundamentais para o qual este foi criado. Deus criou Adão, e o colocou no Jardim do Éden, para o “cultivar e guardar” (Gn 2.15). Por meio de seu trabalho, o homem interfere sobre a Criação de Deus, dominando-a e sujeitando-a (Gn 1.36). A vocação profissional de cada indivíduo, portanto, passou a ser vista como algo tão espiritual e elevado como a própria vocação para a vida religiosa. Não há divisão entre secular e sagrado na vida do verdadeiro cristão. Tudo que ele faz, o faz para glorificar a Deus. É por isso que J. S. Bach, compositor erudito do século 17, assinava todas as suas composições – sacras ou não-sacras – com as letras S.D.G. (Soli Deo Gloria).
        Em nossos dias temos observado, no meio evangélico, um afastamento da visão reformada sobre o trabalho. Muitos evangélicos têm atribuído mais dignidade, mais nobreza, às atividades relacionadas à igreja do que aquilo que fazem no seu dia a dia. O trabalho é tido somente como a forma de se ganhar a vida. O que vale a pena mesmo é estar na igreja, orar, evangelizar.
        Essa perspectiva sobre a vida deve ser afastada de nosso pensamento. O trabalho não é apenas o que fazemos para “pagar as contas”. Deve ser visto como verdadeiro culto a Deus, atividade desenvolvida com excelência por cada um de nós. Dessa forma, sem dúvida, nosso impacto sobre a sociedade será sentido de forma muito mais abrangente, e faremos de fato diferença em qualquer esfera onde estejamos inseridos como cristãos.