segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Novo endereço

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uma mensagem de alegria

            Esta semana um amigo me apresentou um dilema: “observo na vida de muitos evangélicos um fanatismo carregado de culpa, uma pregação que só fala de pecado. Parece que por mais que orem, agradeçam, arrependam-se, nunca são nada diante de Deus. Será que Deus nos dá esse fardo tão gigantesco, nos obriga a viver com sentimento de culpa eterna?”
            Assim vivem, de fato, muitos “evangélicos”: um fanatismo legalista, carregado de culpa e tristeza. As palavras acima – ditas por alguém que não é evangélico – corroboram uma asseveração muito reiterada por mim: muitos “evangélicos” jamais entenderam e por isso mesmo não pregam o EVANGELHO!        
            Cristãos verdadeiros precisam mesmo falar do pecado. Os homens de fato transgridem a lei de Deus e isso os torna culpados. Mas se a pregação parar aí percorreu somente metade do caminho! Apresentou a má notícia, mas não o EVANGELHO (boa nova)! Ficam perguntas no ar: como posso fazer as pazes com Deus? O que posso fazer para me livrar dessa culpa?
            A Bíblia diz que você não pode fazer nada. Ninguém pode, por seu próprio esforço moral, satisfazer a justiça de um Deus Santo. Cientes dos nossos pecados só nos resta mesmo nos arrepender. Mas a Bíblia diz que esse Deus Justo é também misericordioso. Ele se compadeceu de nós e decidiu nos salvar. Como Ele fez isso?
Os capítulos 1 e 2 de Lucas narram o nascimento de Jesus. Esses textos dizem que esse evento foi uma notícia muito alegre! (veja Lc 1.19, 1.28, 44, 47). Um anjo contou isso para alguns pastores dizendo: “eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu (...) o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. (Lc 2.10-11). Para satisfazer sua justiça e salvar o pecador, Deus decidiu tornar-se homem. No Natal, Deus se encarnou na pessoa de Jesus. Cristo foi o único homem que viveu sem jamais pecar, e embora fosse completamente justo e inocente, morreu em uma cruz sangrenta; por fim, ressuscitou três dias depois. Isso é o que Deus fez para salvar o homem: deu-se a Si mesmo como sacrifício pelos pecadores!
Só vive livre de culpa quem entende essa mensagem. Quando alguém confia em Jesus como seu Salvador, Deus atribui a tal pessoa a obediência de Cristo, livrando-a da culpa. Além disso, Deus não pode mais condená-la, pois sua pena foi suportada por Cristo na cruz! Mas é aí que vem o melhor: Jesus ressuscitou! Quando cremos nele, experimentamos o poder de sua ressurreição, traduzido em santidade e paz já nesta vida, bem como esperança de ressuscitar no porvir!
Cristãos verdadeiros, portanto, não carregam fardos de culpa, não vêem Deus como um tirano. Ao contrário, desfrutam de INDESCRITÍVEL ALEGRIA ao reconhecer em Deus um Salvador gracioso, que ofereceu a Si mesmo para satisfazer sua própria justiça. A vida cristã, portanto, é plena de gozo, satisfação e paz!
ESSE É O EVANGELHO: Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os homens a quem Deus quer bem! (Lc  2.14).



terça-feira, 6 de setembro de 2011

Podemos Confiar no Texto do Novo Testamento?

     A partir de hoje, estamos introduzindo uma novidade em nosso blog. Postagens que focalizam em alguns aspectos do estudo da Bíblia que despertam a curiosidade, interesse ou mesmo dúvidas em todos os que se aventuram a conhecer as Escrituras. Questões sobre os textos originais, descobertas arqueológicas, evidências históricas serão abordadas de forma simples, objetiva e não técnica, com o propósito de responder aos nossos questionamentos mais imediatos.

P52 - O manuscrito mais antigo do Novo Testamento

            Para iniciar esta série, trazemos algumas observações sobre as chamadas “testemunhas textuais” do novo testamento. Em linhas gerais, testemunhas textuais são os documentos que nos permitem descobrir o texto original da bíblia. No caso do Novo Testamento, são os manuscritos na língua original (Grego), as traduções antigas, documentos eclesiásticos da antiguidade, e citações do texto feitas pelos pais da igreja e outras autoridades.
            O estudo destas testemunhas, ou fontes, é muito importante não apenas para podermos reconstruir o que o escritor sagrado escreveu originalmente, mas também para respondermos a alguns questionamentos muito comuns, como por exemplo, se no processo de transmissão da Bíblia não teriam sido introduzidos erros e alterações no texto, e se os escritos da Bíblia tem algum valor como documento histórico.
            Um breve olhar sobre alguns números já servem como uma boa introdução ao assunto. Os escritos do NT foram todos produzidos no século I. Acredita-se que o mais antigo seja o livro de Gálatas (cerca de 48 d.C.) e os mais recentes seriam os escritos Joaninos (Evangelho, Epístolas e Apocalipse de João) que datariam das décadas de 80-90 d.C.
O manuscrito mais antigo do NT é o chamado Papiro 52, que contém trechos do Evangelho de João (Jo. 18:31-33; 36-37) e data por volta do ano 125 d.C. (ver imagem acima). Temos aí um intervalo de menos de 50 anos entre a produção de alguns textos do NT e os manuscritos mais antigos. Muitos outros documentos que datam de entre o século II e IV também existem para outros textos do NT. Para alguns, esta distância pode parecer longa, mas esta proximidade entre data da produção do texto e manuscritos mais antigos é sem paralelo na antiguidade. Apenas como exemplo, observem a tabela abaixo, com os dados de alguns textos clássicos da história, cuja autenticidade e confiabilidade são raramente postas à prova:


Olhando para esta tabela, é muito interessante notar também que o NT possui cerca de 6000 testemunhas textuais, entre manuscritos, versões, citações e lecionários (textos eclesiásticos). Dentre estas testemunhas, obviamente encontramos variações, como não poderia deixar de ser no caso de textos manuscritos. A grande maioria destas variantes diz respeito a questões simples como ordem das palavras, vocabulário e ortografia. Significativamente, dos 7947 versículos do NT, 4999 não apresentam variantes, o que resulta numa porcentagem de 62.9%. Este número é considerado pelos especialistas como extremamente alto, principalmente quando levamos em conta o grande número de textos em questão.
Sendo assim, podemos ter confiança de que o texto do NT não passou pelas supostas deturpações que tanto agitam a imaginação de alguns. Podemos também ficar firmes quanto à confiabilidade histórica destes escritos.

domingo, 4 de setembro de 2011

O Ser Mais Terrível do Universo


No mundo em que vivemos, não faltam candidatos a este título! A soberba humana persiste em asseverar e arrogar para si um poder que de maneira alguma possui. Em meses recentes temos testemunhado a queda de ditadores cujo poder pareceu por tanto tempo inabalável, Muammar Gaddafi sendo o exemplo mais recente.
Entretanto, quando lemos o livro de Naum, assim como muitos outros textos das Escrituras Sagradas, fica bastante claro que o ser mais terrível e temível do universo é nenhum outro senão o próprio Deus. Afinal, o profeta afirma que: O SENHOR é Deus zeloso e vingador, o SENHOR é vingador e cheio de ira; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação para os seus inimigos.” (Naum 1:2) O verso seguinte afirma que o Senhor é tardio em irar-se, mas quando isto acontece... as coisas podem ficar realmente assustadoras.
         Irar-se por si só, não é algo que necessariamente assusta os outros. Na verdade, é algo bastante corriqueiro na vida de muitos: ficamos nervosos às vezes em bancos, nas filas de repartições públicas, no supermercado. Crianças se iram pelos mais diversos motivos. Mas há uma diferença entre ficar irado e poder executar os desígnios da nossa ira! Ninguém, por mais que sinta o desejo, pode mandar aquela oficina mecânica que cobrou demais pelo conserto do seu carro pelos ares! Nem deve tentar!
         O texto de Amós fala não apenas sobre a magnitude da ira divina, mas sobre seu absoluto poder em levá-la a cabo. Afinal, Deus é apresentado como um ser que trata as nuvens como poeira dos seus pés, que tem controle absoluto sobre as tempestades e águas e perante quem os montes e outeiros tremem e se derretem (1:3-5).
         Quem tem acompanhado a recente passagem do tufão Talas no mar do Japão está bastante ciente da impotência humana diante da água e do vento. Por mais que tenhamos nos desenvolvido tecnologicamente, somos ainda muito frágeis diante das forças da natureza. O que diremos da impotência humana diante daquele que é capaz de controlar, sem o mínimo suor, estas forças?
         Na mensagem do profeta Naum, a situação daqueles sobre quem a ira divina recai é verdadeiramente desesperadora: Quem pode suportar a sua indignação? E quem subsistirá diante do furor da sua ira? A sua cólera se derrama como fogo, e as rochas são por ele demolidas.” (1:6).
         Alguns críticos afirmam que o profeta Naum é sanguinário e ufanista, um apologista da violência. De fato, ao lermos os três capítulos desta profecia podemos ficar por vezes chocados com a linguagem gráfica do profeta e, mais ainda, com o tom celebratório com que ele descreve a destruição dos adversários do povo de Deus. Mas é importante ver que o profeta não glorifica a violência em si, nem celebra a morte e a destruição. O que ele celebra é a justiça de Deus manifesta na queda de um império que reinava em crueldade e opressão.
No contexto específico deste profeta a vítima do furor divino era a cidade de Nínive, capital do império Assírio, sob cujo poder os Israelitas, assim como boa parte do mundo, se encontravam. Lembramos também que este texto foi escrito cerca de cem anos depois dos eventos narrados no Livro de Jonas, em que a cidade de Nínive foi poupada da destruição iminente ao se arrepender de seus pecados e crimes. É triste constatar que aquele processo não foi duradouro e aquela cidade voltou a simbolizar opressão, violência e morte.
         Sabemos não apenas por meio da Bíblia, mas pelo testemunho de outras fontes históricas que o império Assírio se considerava infinitamente poderoso e indestrutível, e utilizava seu poderio arrogantemente para subjugar os povos.
         A mensagem de Naum nos lembra que não existe poder algum, seja ele econômico, político, ou das mais temíveis forças da natureza que se compare ao poder absoluto do Senhor.
         Acerca dos assírios, que tanto poder possuíam, Deus diz para os Israelitas: “Assim diz o SENHOR: Por mais seguros que estejam e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão exterminados e passarão; eu te afligi, mas não te afligirei mais.” (1:12)
         A última passagem do verso chama a atenção pela afirmação, voltada para o povo de Deus, que a aflição que eles sofreram da Assíria não representou um momento em que a Assíria conseguiu fazer frente ao poder de Deus até que este “conseguisse” superar os opressores. Todo o período de soberania assíria representou uma soberania derivada, em que eles detiveram o poder somente enquanto aprouve a Deus, em sua infinita sabedoria, permiti-lo (cf. Is. 10:5-7).
         Por que não ficamos apavorados diante deste Deus tão terrível? Porque o verso 7 afirma que o O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia”. Isto implica que o poder infinito de Deus representa terror para seus adversários, mas para o seu povo, representa boas novas: “Eis sobre os montes os pés do que anuncia boas-novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o homem vil já não passará por ti; ele é inteiramente exterminado” (1:15).
         É muito bom podermos saber que não importa o tamanho do desafio ou da opressão a que o povo de Deus esteja presentemente sujeito. O fato é que o maior e mais absoluto poder do universo é o do nosso Deus, e é ele quem promete utilizar este poder para execução de sua perfeita justiça e para a preservação do seu povo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Plena Satisfação em Cristo

Sinto-me muito feliz quando, depois de um dia de trabalho, passo a noite na companhia da minha esposa Renata, lendo juntos um bom livro ou assistindo com ela a algo interessante na televisão, com nossa cadelinha “Mel” debaixo das cobertas conosco. Gosto também, em um desses dias frios de inverno, de contemplar a beleza do céu profundamente azul, sentindo o sol batendo de mansinho em minha face. É também prazeroso desfrutar uma boa refeição; realizar um trabalho bem feito e perceber que ele teve resultados; sentir que o analgésico fez efeito e a dor de cabeça passou... Tudo isso gera prazer e satisfação.
Contudo, devemos reconhecer: De que adianta contemplar o belo céu ensolarado que contrasta com o frio da manhã, sem reconhecer que estas coisas se sustentam pelo poder do Criador (Sl 19.1)? Que prazer e beleza haveria nisto, se tudo fosse matéria, reação físico-química? De que adianta viver o contexto de família, sem reconhecer que a intimidade, a sexualidade, a companhia do cônjuge, tudo isso é projeto de nosso Criador para nós? De que adianta desfrutarmos uma deliciosa refeição sem reconhecer a graciosa provisão de Deus? De que adianta ao homem levantar de madrugada, trabalhar duro, se não consegue vislumbrar que, ao fazer isto, presta culto ao seu Criador ao cumprir sua sagrada vocação? De que adianta ter saúde, somente para usar o vigor físico para cometer iniquidades contra Deus?
O que estou querendo dizer é que, em rebeldia contra o Criador, trabalho, comida, sexo, dinheiro, saúde, tudo é "vaidade e correr atrás do vento" (esse é o tema tão dramaticamente expresso pelo autor do livro de Eclesiastes).
Mas, por outro lado, se Jesus é o centro de nosso viver, se nossa satisfação está plenamente nEle, então:
1) Quando fazemos as coisas mais simples (comer uma boa refeição, ter momentos de lazer, experimentar alívio da dor) em tudo damos graças a Deus e assim glorificamos o Redentor (1Co 10.31).
2). Temos prazer em nosso trabalho, e o realizamos como serviço ao Reino. A nossa relação com Cristo transforma trabalho em vocação, e nos empenhamos nele para glorificar a Deus. Se não for assim, tudo não passa de canseira e enfado.
3) Ao pensarmos em sexo, a primeira coisa que nos vem a mente não é lascívia, nem auto-gratificação; é GRATIDÃO A DEUS, que criou algo tão maravilhosamente belo, profundo, íntimo e capaz de expressar amor de um modo singular no contexto do casamento.
A centralidade de Jesus em nossa vida muda a forma de ver o mundo. Entender biblicamente a realidade é reconhecer que só é possível ser verdadeiramente feliz se a nossa felicidade está em CRISTO JESUS antes de qualquer outra coisa; e firmada nossa alegria nEle, podemos nos alegrar com as coisas secundárias. Em outras palavras: as bênçãos “acessórias” - dinheiro, sexualidade, família, saúde, comida - são verdadeiramente bênçãos, e não pedras de tropeço para nós, quando as recebemos com ações de graças, louvando a Deus por elas, e usando-as com alegria para glorificar nosso Redentor.
Por outro lado, se o fundamento de nossa alegria é qualquer outra coisa que não o Senhor, então amamos mais as coisas criadas por Deus do que nosso Criador e Redentor. Isto faz de nós idólatras, o que nos conduz a duas considerações.
Primeiro, este mundo tem coisas muito boas e prazerosas, mas elas somente são assim porque Jesus as redimiu. Logo, nosso maior prazer deve estar em Cristo, que dá sentido a tudo que recebemos da parte de Deus. Sem a ação redentora dEle, o pecador dá uma direção pervertida às coisas que foram criadas boas por Deus. Na área da sexualidade, por exemplo, ao invés de usar essa dádiva no contexto do casamento, o pecador se entrega à promiscuidade (adultério, fornicação, homossexualismo, etc.). Só quando conhece Jesus, o pecador redimido passa a usar as boas coisas criadas da maneira planejada por Deus, para a glória dEle, e não para sua própria satisfação (fazendo do seu eu um “deus” e das coisas um ídolo). 
Em segundo lugar: se Jesus está no centro de nossa vida, reconhecemos que a vida presente, por causa da obra dEle, já é muito boa, mas ainda imperfeita; isto porque o pecado ainda macula e entristece a nossa vida. Sendo assim, ansiamos por uma era futura, em que na presença de Jesus, lágrimas não serão mais vertidas pelos salvos.
A vida aqui nessa terra está sob o efeito do pecado, e por isso coisas ruins acontecem. Mas por causa do Cordeiro de Deus, morto antes da fundação do mundo, desfrutamos de muitas coisas boas. Tudo de bom que temos aqui provem dEle! Aliás, devemos reconhecer que nosso pecado deveria ter causado a prevalência do sofrimento, do mal, da injustiça; é Cristo quem impede isso, afinal, Deus provisionou redenção em Jesus, de maneira que aqueles que são salvos continuam alegres e gratos a Deus mesmo quando as coisas vão mal.
O cristão, portanto, olha para tudo que existe e dá glória a Deus; mas como sua alegria está centrada em Jesus, anseia profundamente por sua volta, quando continuaremos a usufruir de muitas das coisas excelentes que já existem - e de outras ainda melhores -, mas sem as consequências destrutivas do pecado.
Se seu coração ama alguma coisa mais que Jesus, se você considera que falta algo para ser feliz, então Jesus não se tornou para você aquilo que de fato deve ser: O MAIOR TESOURO, A MAIOR ALEGRIA, AQUELE QUE  SATISFAZ PLENAMENTE.
Quem tem um relacionamento assim com Jesus, acorda todo dia e diz: “Cristo Jesus, obrigado pela alegria radiante que já desfruto em ti. Devo-a a ti. Senhor Jesus, para que tu sejas ainda mais glorificado: vem já! Volta Senhor, para que possamos conhecê-lo perfeitamente, para que toda lágrima seja enxugada de nossos olhos por causa da tua presença maravilhosa em nosso meio, e para que possamos contemplar a plenitude do belo, do bom, do justo e do amável, que somente a tua segunda vinda poderá trazer à luz. Sim, Maranata, vem Senhor Jesus!”

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Rute: amor de verdade


A história de Rute atrai a admiração – feminina, em particular – e não sem motivos. Rute é a boa moça que muda completamente o curso de sua vida ao conhecer seu noivo. Boaz, por sua vez, é quase a personificação do príncipe encantado. Ele é gentil, bondoso e rico. Noemi, a sogra de Rute, não fez nenhuma mágica de fadas, mas certamente foi crucial para que o romance acontecesse, com seus sábios conselhos. Romance e final feliz são características narrativas que atraem os suspiros femininos, sem dúvida.
Mas, sem querer diminuir o romantismo e beleza do livro de Rute, acredito ser essencial para uma reflexão mais profunda sobre este texto sagrado uma boa dose de realismo das amarguras sofridas por Rute até o momento em que tudo deu certo. Não apenas isto, mas também pensarmos o que tornou possível todo este acontecimento em sua vida.
Os eventos ocorrem na época dos Juízes. Uma época marcada por incertezas, em que “não havia rei em Israel, cada um fazia o que lhe parecia reto” (Juizes 21:25). Neste contexto, um período de fome forçou Elimeleque e sua família a deixarem sua terra (Rute 1:1). Foram para Moabe e lá seus filhos se casaram com mulheres moabitas.  Os três homens da família saem de cena, pois morrem todos, e ficam Noemi e suas duas noras.
Ouvindo Noemi que Israel tinha alimento, resolveu voltar e suas noras a acompanharam. A impressão que se tem é que no meio do caminho Noemi repensa a situação de suas noras. Afinal, como seria a vida de uma moabita em Israel? É importante notar que em Israel existia a crença que os Moabitas eram fruto da relação incestuosa de Ló com sua filha mais velha e, portanto, existia um grande desprezo deste povo por parte dos israelitas. Noemi, mulher centrada, perceptiva e sensível reconheceu que a vida em Israel seria difícil para suas noras e abdicou delas. Orfa chorou, chorou alto. E voltou para o seu povo. Mas, Rute se apegou a ela. Apesar de mais uma vez Noemi persuadi-la a voltar, ela foi fiel, mesmo não precisando ser. Ela tinha todo direito de voltar e refazer sua vida. Ela tinha a bênção de sua sábia sogra. Mas, Rute, decidiu não deixar sua sogra sozinha em seu momento mais frágil. Noemi estava voltando vazia para sua terra. Sem marido, sem filhos. Pobre. Consciente da tragédia que Deus tinha enviado a sua vida e, ainda assim, testificando em vários momentos a existência e soberania de Deus. Noemi não perdeu sua confiança em Deus e certamente Rute a viu como grande mentora, como mulher sábia, que confiava em um Deus verdadeiro. Noemi não tinha nada a oferecer a Rute além de sua fé, sabedoria e amor. E Rute, mulher virtuosa, considera tais coisas mais preciosas do que sua segurança, seu povo ou um novo marido.  Que sogra! Que nora!
Rute e Noemi são mulheres de fé, mas são mulheres de iniciativa! Elas não ficaram sentadas lamentando sua viuvez e infortúnios. Rute se oferece para colher espigas, como previsto na lei dada por Deus para proteger os direitos dos menos favorecidos (Deut. 24: 19), e vai parar na plantação que pertence a Boaz. Este, um homem temente a Deus e bastante gentil, sabia reconhecer virtude de longe e foi logo se informar sobre a moça (Rute 2:11). Em uma época de extrema falta de ordem e temor a Deus, Boaz é homem justo e abençoador: “O Senhor lhe retribua o que você tem feito! Que seja ricamente recompensada pelo Senhor, o Deus de Israel, sob cujas asas você veio buscar refúgio!” (Rute 2: 12). Noemi, então, vê a provisão de Deus em colocar Boaz na vida delas sendo ele parente próximo e, portanto, apto a casar com Rute, de acordo com os costumes da época. Existe um único momento de tensão na narrativa que é o fato de outro ser parente mais próximo e ter direito de casar com Rute em lugar de Boaz. Mas, essa possibilidade logo se vai e Boaz casa com Rute.
Umas das passagens mais significativas no livro e a chave para entendermos toda a admiração e interesse de Boaz em Rute, e que acontece no momento em que Rute vai propor Boaz em casamento, são os versículos 10 e 11: “Boaz lhe respondeu: ‘O Senhor a abençoe, minha filha! Este seu gesto de bondade é ainda maior do que o primeiro, pois você poderia ter ido atrás dos mais jovens, ricos ou pobres! (...) Todos os meus concidadãos sabem que você é mulher virtuosa’”. O que caracterizava Rute era o fato de ser uma mulher virtuosa. Alguém de bom ânimo, capaz de reconhecer um bom conselho. As três maiores virtudes cristãs são listadas para nós em 1 Coríntios 13:13: a fé, a esperança e o amor – sendo a maior destas o amor. Rute veio a conhecer e ter fé no Deus de Israel, ela foi perseverante e não ficou paralisada quando a tragédia bateu a sua porta e, também, amou sua sogra, agindo como quem ama de verdade.
Em uma cultura tão centrada na figura masculina, como a do Antigo Oriente, está registrado que Rute foi melhor para Noemi do que sete filhos. O coro de mulheres canta: “Louvado seja o Senhor, que hoje não a (Noemi) deixou sem resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel! O menino lhe dará nova vida e a sustentará na velhice, pois é filho de sua nora, que a ama e que lhe é melhor do que sete filhos!” (Rute 4:14-15; ênfase minha). Obede nasce e é avô de Davi, pertencente à linha genealógica de Cristo.
Se hoje, para os padrões culturais, mais vale quem é mais poderoso, mais belo ou mais rico, mulheres cristãs de todo o mundo, de todas as culturas e de todas as classes sociais tem na história de Rute grande encorajamento para buscarem as virtudes que importam verdadeiramente. Porque são estas virtudes, a esperança, a fé e o amor que apontam para a eternidade.


Meeting of Ruth and Boaz, by Chagall


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Deus é sempre bom para nós?


A realidade do mal no mundo representa, muitas vezes, um desafio para nossa fé. E não são poucas as vezes em que para os Cristãos, um grande desafio é compreender a bondade de Deus.  É fácil dizer que Deus é bom, mas nos momentos em que realmente precisamos de Deus, será que entendemos realmente a sua bondade?

Em Jeremias 32:38-41, Deus faz a seguinte promessa ao seu povo, que se encontrava no exílio, em cativeiro na Babilônia:

38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.  39 Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos.  40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.  41 Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma.

Lemos aqui que Deus promete jamais deixar de fazer bem para o seu povo (v. 38). Além disso, fica claro que Deus não simplesmente faz o bem continuamente, mas o faz com grande alegria. Deus sente prazer em fazer bem ao seu povo. Mais ainda, no verso 41, lemos que Deus faz o bem “de todo o seu coração e de toda a sua alma”. Do mais profundo de seu ser e sua essência, Deus se compromete em fazer o bem ao seu povo.

Mas, se a bondade de Deus é tão grandiosa, porque temos tanta dificuldade em nossa vida receber, ou aceitar a bondade de Deus? É claro que vemos hoje um tratamento extremamente “clientelista” de Deus por parte de alguns. Muitos vivem buscando benefícios materiais de Deus e por algum motivo isto nos leva a uma vida de resignação e recusa em aceitar a bondade de Deus.

Mas na realidade, são dois pontos que nos fazem duvidar e falhar em nos apropriar desta promessa: primeiro, o nosso próprio pecado; segundo, as reais circunstâncias de sofrimento na nossa vida.

Às vezes vemos Deus operando de forma tão especial e maravilhosa na vida de outros, histórias reais e concretas de ação de Deus, que muitas vezes nos alegram e confortam. Entretanto, por causa do nosso próprio pecado, achamos que promessas como esta que vemos aqui em Jeremias 32 não se aplicam a nós.

Ao olhar para sua própria vida, é possível que você pense: “Não é a toa que eu passo por tantas tribulações... Certamente estas promessas de bondade contínua e ininterrupta de Deus não podem se aplicar a minha vida...”

Mas precisamos ver aqui no verso 40 que a base que Deus coloca para o cumprimento desta promessa não é a bondade do povo.  Os destinatários originais desta mensagem eram o povo de Israel, no contexto do exílio para onde haviam sido enviados por Deus por causa de pecados cometidos anteriormente pelo povo (basta ler os versos anteriores no capítulo 32)

É justamente para eles que Deus oferece esta promessa. Mas vemos que a promessa é baseada não na bondade deles, mas na nova aliança que ele estabelece com o seu povo!

No Novo Testamento, em textos como 1 Coríntios 11:25 e Marcos 14:25, vemos que a Nova Aliança diz respeito ao Sangue de Cristo derramado sobre a cruz do Calvário para a remissão do povo de Deus.

Então a confiança de que Deus faz o bem continuamente para o seu povo não se baseia na nossa justiça, mas no fato de Cristo ter vertido seu sangue para a nossa redenção. Esta é a garantia oferecida pelo próprio Deus.

Não existe um único momento na vida do cristão em que Deus não esteja intencionando ou executando o bem sobre a sua vida. Em Efésios 3:6 ou Gálatas 3:29 vemos que somos os herdeiros das promessas divinas. E qual a promessa central “Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus”. (v. 38). Daí Deus garantir buscar continuamente o bem sobre seu povo.

Se você se sente tentado a duvidar que as afirmações sobre a bondade de Deus são para você, esta promessa deveria dissipar toda dúvida: Se você é realmente filho ou filha da aliança, deposite toda a sua fé no sacrifício de Cristo Jesus, e não na sua própria justiça, Deus é bom para você todo o tempo!

Mas então, porque sofremos tanto? Porque a nossa vida de fato não é livre do sofrimento e da angústia se Deus busca o nosso bem continuadamente? Lemos em Romanos 8:28 que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.  O fato de Deus buscar o nosso bem o tempo todo não significa que Deus se faça valer de meios que nos causam o sofrimento para que alcancemos o bem.

Nenhum sofrimento que o cristão passa em sua vida é gratuito. Todo sofrimento pelo qual passamos tem o propósito de ser convertido em bem. Não sabemos qual o bem, que forma ele terá, e, com certeza, no momento em que passamos pelo sofrimento esse bem futuro é a última coisa que nos passa pela cabeça!

Mas é a palavra de Deus que afirma que TODAS AS COISAS cooperam para o BEM. Todos os sofrimentos cooperam de alguma forma para a construção do bem na vida do povo de Deus. O sofrimento pelo qual você passa hoje existe com o propósito de que Deus faça bem na sua vida.

No contexto de Romanos 8, as coisas que Paulo tem em mente que cooperam para o bem dos que amam a Deus são tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e espada (v. 35). Isto parece até contraditório quando lembramos as palavras de Jesus em Mateus 6:25-34, em que ele nos instrui a não andarmos ansiosos pelo que comer ou vestir.  Não está Jesus aqui prometendo a satisfação de nossas necessidades mais básicas? Por que, então, Paulo especifica a fome e a nudez (i. e. falta de ter o que comer e o que vestir) como elementos que podem fazer parte da vida do cristão, mas que não podem nos separar do amor de Deus e ainda cooperar para o nosso bem?

Isto quer dizer então que a provisão a que Jesus se refere não diz respeito a um suprimento constante de nossas necessidades básicas e uma garantia absoluta de jamais passarmos por severas privações. O que fica claro na Escritura é que mesmo quando formos privados destas coisas elementares temos a perspectiva que Deus está utilizando esta privação como algo que contribui para o nosso bem.

Não existe sofrimento gratuito na vida do povo de Deus. Todos os nossos sofrimentos existem para que Deles surja um bem maior. Isto não é Teologia da Prosperidade. Isto é bíblico! É um ensinamento baseado na revelação bíblica do caráter Deus como o de um pai que se deleita em fazer o bem aos seus filhos!

Precisamos nos libertar da nossa timidez em crer nisto! Todo o sofrimento na vida do cristão resulta em um bem maior, seja ele o crescimento espiritual, maior comunhão com Deus, ou qualquer outro bem que Deus deseje nos conceder. Precisamos não apenas crer que Deus é bom, mas também aceitar que Deus é bom conosco. Ele é bom comigo e com você. Sempre. Todo o tempo. Única e exclusivamente por que ele se deleita em nos fazer o bem, por meio de Jesus.